Jornal Geração X: Universo Fantástico
- Geração X
- 21 de ago. de 2019
- 17 min de leitura
Atualizado: 23 de ago. de 2019

Cartel da Cevada


Com histórias e causos fantásticos, o Cartel da Cevada vem conquistando fãs ao redor de todo território nacional e internacional, mesclando o Rock Pesado com um bom toque de Regionalismo. Com letras irreverentes e riffs pesados, essa banda com toda certeza já deixou suas marcas na história do Rock Porto-alegrense.
Sempre muito simpáticos a banda é formada atualmente por Igor Assunção (Guitarra e voz), Nando Rosa (Guitarra), Leo Bacchi (Baixo) e Alberto Andrade (Bateria), e não podemos esquecer um membro muito importante e emblemático, ele que pessoalmente acompanha apresentando a banda o próprio Diabo(Lucas Rosa). Ocorreu uma mudança de integrantes o antigo baterista era o Tiago “Cabeção” Azevedo e o antigo Diabo era o Santto Nerva, em algumas fotos eles aparecem, acho importante que eles estejam na matéria, pois são parte da história da banda e estavam presentes na Gravação do DVD junto com Felipe "Galo Mystico" Freddo que tocou gaita.

Em 2017 a banda apostou em um CD, com o apoio dos fãs o “Cartélico Vol.1: Fronteira, Trago e Querência”. Os fãs compraram a ideia e os músicos não decepcionaram, os apoiadores tinham diversos prêmios de acordo com sua contribuição, como: Camisetas, Pôsteres, Fanzine, etc. Os integrantes entregaram pessoalmente as recompensas para os apoiadores. O CD é marcado por letras baguais, guitarras pesadas, baixo marcante, bateria bem estruturada, gaita gauchesca e muitas trovas entre ás faixas, possui também muitas participações especiais nomes como Duda Calvin (Tequila Baby), Carlos Carneiro (Bidê ou Balde) e Neto Fagundes, estão presentes no disco. Nessa mesma linha e no mesmo ano, apresentaram um novo projeto ao público, algo que seria um grande marco para a banda, a gravação do seu primeiro DVD.


Com o lançamento do CD, o Cartel da Cevada foi o único grupo que em 2018 foi indicado em todas as categorias do Prêmio Açorianos de Música, o Prêmio mais importante de música no RS.
Após dois anos da gravação desse show, nessa última sexta-feira 16/08/2019, ocorreu o Tragoléu do Cartel, evento que marcou o lançamento do DVD, onde teve a entrega para os apoiadores e a venda para quem não conseguiu apoiar na época. O local escolhido foi excelente o General Lee Rock Bar, o evento estava fantástico, o show ao vivo estava rolando no telão e a simpatia e atenção de todos os integrantes com os fãs era algo notável. Nesse clima descontraído com muitas risadas e aprendizado, entrevistei o vocalista Igor Assunção que me cedeu um pouco do seu tempo e conversamos sobre o Cartel, Planos futuros, Influências e mais.
Entrevista com Igor Assunção:

Quem é Igor Assunção?
Cara. É um cara perfeccionista que tenta lidar com suas limitações o tempo todo,mas sempre tentando fazer o melhor. Que na verdade fica sempre tentando convencer pessoas que são mais talentosas a comprar a ideia que ele ta vendendo , tentando formar o melhor time sempre pra ganhar o campeonato e eu acho que é mais ou menos isso o Igor. Eu gostaria de ser um excelente líder, mas na verdade acho que eu sou um picareta que fica enganando as pessoas para comprar a minha ideia e daí tem um monte de gente afudê, que acaba comprando e no fim me ajudando a fazer com que os negócios aconteçam, acho que essa é uma boa descrição do Igor.

Quando começou seu interesse pela música?
Meu interesse pela música velho, eu sou natural de Bagé, apesar de ter esse sotaque do magro do bonfa, mas moro aqui em Porto Alegre há muito tempo, e meu interesse pela música começou com meu avô me emprestando o violão. O meu avô tocava violão nos conjunto de samba que tocava no interior que tocava samba canção e fazia serenata e meu avô já era meio picareta também na real e fazia essa onda de Samba assim meio Demônios da Garoa. E daí quando meu avô me emprestou aquele primeiro violão e me mostrou uns discos dos Demônios da Garoa, e com aquelas, se tu vês as letras dos Demônios da Garoa é um monte de malandragem na real, é malandragem pra caralho e ali, eu meio que comecei a ter meu interesse pela música, não por causa da malandragem em si, mas aqueles Demônios da Garoa um tempo depois foi refletir na minha história, mas a música brasileira o Samba, as coisas bem características, o axé, o baião, essas são coisas muitos fortes e que a gente acaba absorvendo, mesmo quando não pensa que ta absorvendo e o Samba é muito rico harmonicamente, assim como a Bossa Nova e tudo mais e quando meu avô me apresentou aquele universo, foi ali que eu me identifiquei um pouco com a música. Fora o meu avô que me deu meu primeiro violão e que me passou essas experiências com o Samba e tal, eu tive uma professora de artes no colégio que ela curtia bastante pop e pop rock, umas coisas bem simples assim, mas ela que me ensinou os primeiros acordes no violão, nas aulas de artes ela dava as pilhas de pintura e tal, mas também fazia algumas coisas com música e sempre que ela fazia coisas com música me interessava daí ela foi me passando, então também a professora Magda, eu me lembro dela até hoje. A professora Magda também foi uma grande influência me ensinando as coisas básicas, acordes menores e maiores, ela que me ensinou e sei lá isso foi na 5° série ou 6° série.

Quais suas principais influências?
Cara, minhas principais influências provavelmente são AC/DC, sou muito fã, sou muito fã do Savatage, é um Rock meio pro Metal bem progressivo é muito Afudê, aí tem coisas que o cara não tem como fugir tipo Led Zeppelin, Sabbath, me influência muito, Kiss me influência pra caralho e sempre me influencio, curto muito também Mutantes, é um som brasileiro que me influência muito. Acho que é por aí véio, o rock n roll dos anos 70 Jimmy Hendrix, Jefferson Airplane, Cream, muito Eric Clapton, sou muito fã dele, e tudo isso por causa do meu tio e do meu irmão mais velho, então tem muita coisa que me influência. Mas eu acho que se tivesse que escolher 5 bandas/artistas eu diria, AC/DC, Led Zeppelin, Kiss, Eric Clapton, Helloween e daí ia ter várias outras que iam entrar certo, tipo Mr.Big, Dream Theater, é muita coisa foda que o cara curte, Pink Floyd, é muita banda boa.

Como surgiu o nome e o próprio Cartel da Cevada?
O Cartel da Cevada surgiu, comigo e com o Richard, a gente era colega de faculdade e a gente tava tentando descobrir uma maneira de como regular o preço da cerveja, de cerveja boa né, tipo a ia ser muito Afudê o cara regular o preço da cerveja boa e bebe bem e barato pra sempre, e a gente ficou pensando porra, mas na real os cara regula o preço de alguma coisa com outras pessoas isso é um cartel, daí bah a gente podia ter o Cartel da Cevada, por que a gente regula o preço da cevada, regula o preço da cerveja e vai nessa onda, nunca rolou infelizmente regular o preço da cerveja, e a cerveja ta cara pra caralho, provavelmente o maior gasto do cara no supermercado é com birita e na noite também, mas surgiu o Cartel da Cevada e nisso meio que numa pilha a gente se juntava toda sexta-feira a noite pra tomar cachaça e fazer um rock n roll. E aí a gente começou a fazer e se a ceva fosse mais barata e tal, podia fazer o Cartel da Cevada pra regular o preço da cerveja e bebe bem e bebe barato, foi mais ou menos assim que surgiu o Cartel da Cevada.

Quando surgiu a ideia de mesclar a música Nativista com o Rock e a ideia do Diabo Bagual?
Na verdade assim acho que não foi uma coisa pensada, acho que foi uma coisa meio natural que aconteceu, por que, que nem eu falei acho que em outra pergunta apesar desse sotaque do magro do bonfa, eu sou de Bagé e a família da minha mãe é de Bagé e a família do meu pai é de Jaguarão, são duas cidades bem da fronteira e a música regionalista era o normal toca no churrasco de família, na diversão e coisa e tal. Então isso ficou meio marcado no nosso DNA, e sempre quando a gente fazia churrasco botava esse tipo de música pra tocar entre nós, e sempre teve uma galera que foi muito bairrista, mas não preconceituosa, bairrista do tipo de querer exaltar a nossa própria cultura, mas não querendo renegar o resto entendeu, como um bairrista tradicional faria, mas essa pilha da música gaudéria foi meio completamente ao natural. A pilha da história da letra, a coisa mais gaudéria que aconteceu no primeiro disco por exemplo é O Diabo é da Fronteira e daí o meu irmão ainda era da banda, ele tocava batera lá nos primórdios, daí ele que veio com a pilha do o Diabo é um cara rasga bucho, o Diabo gosta do entrevero, se Deus é brasileiro o Diabo é gaúcho, tipo foi meio que ele, e a gente meio que compro essa história e foi meio que “a pra onde que isso pode evolui e cresce?” e foi meio que ao natural, evolui e cresce pro lado do regionalismo, a gente não pensava no inicio tipo a vamos ser uma banda de Rock Bagual, Rock Regionalista, a gente só ia fazendo, fazendo churrasco, tomando cerveja e curtindo, e o bagulho meio que surgindo ao natural de acordo com nosso background e nosso background foi meio sempre isso Mano Lima, Gildo de Freitas, essa parada, mesmo quando o cara não tava conscientemente consumindo esse tipo de coisa já tava tocando entendeu. Então foi meio que ao natural.

Vocês estão lançando hoje o primeiro registro ao vivo, que contou com o apoio dos fãs através do financiamento coletivo. O que os fãs podem esperar desse trabalho e quais as dificuldades que vocês enfrentaram nesse processo?
É o nosso primeiro registro ao vivo e a gente só conseguiu gravar por causa dos fãs e esses fãs já tinham nos apoiado no disco anterior (Cartélico Vol.1: Fronteira, Trago e Querência) que a gente só conseguiu prensar por que a galera foi lá e botou a grana junto, então a gente deve tudo pros fãs na verdade, e a gente fica muito feliz que tem uma galera que é tão maluca quanto a gente e apoia esse tipo de loucura, do tipo é isso aí mesmo pode viajar, bebe, fuma e fazer todos esses som e conta essas histórias malucas que vocês pensam e que a gente vai dar suporte pra vocês e tal. A pilha do DVD foi bem nessa onda, é um troço muito foda de se fazer, desde o momento da gravação, do dia, da equipe de filmagens, equipe pra gravar som e divulgar botar gente por que o interessante é ter gente curtindo pro bagulho ficar legal, tudo isso tem vários processos que fodem pra caralho. As dificuldades foram muitas véio, primeiro que era o primeiro DVD que a gente fazia ao vivo, o Cartel tem um lance que a gente normalmente faz tudo meio “faça você mesmo”, que a gente vai tentando fazer com muita pouca grana, então o cara vai tentando fazer do jeito que dá, mas a maior dificuldade que a gente teve com esse DVD foi a parte da edição, a parte da editoração, a parte da autoração que é a programação do disco pra galera clicar e funcionar os negócios, por que a gravação no dia foi muito boa, mas mesmo assim a gente teve vários problemas com luz, vários problemas com som, vários problemas com muitas coisas que a gente não sabia que ia acontecer, até experimentar aquilo e no momento que a gente experimentou, a gente tentou ir melhorando e adquirindo habilidades para fazer aquilo, tem muita coisa tipo eu editei o DVD inteiro, mas tinha muita coisa tipo assim eu não sei autora, só que pra autora custa R$3000, e daí a gente não tem esse orçamento, por que a galera já pagou pra gente filma e fazer o negócio e sei lá se a gente tivesse feito com 6 mil pessoas, a gente teria dinheiro pra pagar todo mundo pra fazer os negócio, mas a gente fez com 500 pessoas, então a gente tem que dar um jeito de resolver isso pra entregar o melhor produto possível pra todo mundo que nos apoio. Então a gente demorou um pouco nesse período por que, eu sou formado em comunicação e minha especialidade é com vídeo, mas têm umas áreas do vídeo que eu não dominava, então assim eu “bah acho que se eu estudar, eu vou conseguir dominar a parada e entregar um produto foda que a galera vai curti pra caralho” e isso foi uma das maiores dificuldades por isso que a gente demorou um pouco na verdade. Mas se tu parar pra pensar, sem querer comparar, a galera do Ultramen demorou 10 anos pra lançar o DVD, por exemplo, o Rosa Tatuada demorou 5 anos e a gente fez o nosso em 2 anos, eu acho que ta bom né, na real podia ter dado muito mais errado.

O Cartel possui 6 CD’s lançados e agora um registro ao vivo. Tu pode me falar sobre os planos futuros da banda?
Posso, na verdade a gente tem 6 trabalhos lançados, quando a gente fala CD parece que é tipo cada um tem 10/15 músicas, na verdade a gente tem 2 CD´s full álbum que a gente chama, que tipo cada um tem entre 10 e 16 músicas , então são dois trabalhos bem complexos, bem grande, com muita música e 4 EP´s que tem mais ou menos entre 2 e 5 músicas, então são 6 CD´s, mas na verdade full são 2 e os outros são trabalhos que a gente lançou como EP, a gente já tem mais 4 sons prontos com uma temática um pouco mais, a gente sempre foi meio na pilha do humor ácido e da bagacerice, e no troço meio knucklehead, uma coisa meio abrupta mesmo, mesmo quando é cômico, é um pouco agressivo ou às vezes é um pouco agressivo, mas é muito cômico, mas as coisas meio que se contrabalançam e a gente ta com 4 músicas novas prontas que vão ser lançadas como single, o primeiro single se chama Picareta, a gente não pode divulgar mais por que estamos concorrendo no Festival de Música de Porto Alegre, a gente escreveu a música, então não podemos divulgar ela, assim que a gente souber se a gente ta concorrendo ou não, daí vamos divulgar ou não, mas é uma música que aborda uma temática um pouco mais política, que a gente normalmente faz nas nossas músicas de um jeito meio velado, mas velada na pilha de churrasco e cerveja, mas é uma pilha bem política, azar eu vou querer também tem uma pegada política, mas velada e dessa vez é uma pilha bem agressiva, política e bem agressiva, botando os pingos nos Is e metendo o dedo na cara da galera. O Brasil meio que nos obrigou a fazer uma parada mais assim né, e apesar da gente não deixar de respeitar a opinião alheia, a gente tentou deixar bem claro a nossa opinião por que achamos que abstinência não é um lugar pra se fazer assim tipo tem muita gente que por exemplo diz que “a culpa não é minha, eu não votei”, mas talvez por esse cara não ter votado ele não interferiu no que poderia ter acontecido. Mas essa música é um pouco mais agressiva, direta e menos velada, na verdade a gente já tinha músicas desde o primeiro disco com críticas políticas, mas elas eram um pouco mais veladas. Com esse EP novo que a gente ta gravando que o primeiro single se chama Picareta, não é nada velado é bem direto, mas ainda assim mantendo aquele humor ácido e aquela nossa pegada rock n roll, fumacera e cervejada. E além dessa música que se chama Picareta, a gente tem uma música que se chama Capim Loucura que fala de outra “obscenidade” cultural digamos assim que é a maconha e a gente resolveu falar, que a gente não falava abertamente também com todas as somas, a gente ta falando sobre isso que se chama Capim Loucura, e tem mais 2 ou 3 sons que a gente ta decidindo se vai ou não entrar no EP, mas a gente tem essas músicas pra lançar, em setembro a gente tem o Piquete do Cartel que é uma pilha que cada um paga o que acha justo, tem choripan, tem cerveja, normalmente tem várias bandas, que a gente tenta fazer com 4 bandas legais do estado, não só de Porto Alegre, a gente tenta trazer gente de outras regiões pra vir tocar aqui, e claro a gente quer botar o show desse DVD na rua então a gente se inscreveu no edital do Som no Salão, que é pra tocar no salão da UFRGS, a gente ta tentado fechar outros festivais, assim como no ano passado, nos fizemos um festival abrindo pro Sepultura lá em Santa Catarina, queremos ver se esse ano conseguimos ir um pouco mais além de SC, tipo Curitiba, talvez São Paulo e tentar sempre ir um passo à mais, mas a princípio é isso.

Como tu enxergas a cena independente do Rock no RS?
Eu acho que é uma cena que tem inúmeras pessoas talentosíssimas, com muita visão, com muita energia e que trabalham sempre fazendo o melhor possível e agora nesse momento eu podia reclamar do público, mas eu não vou, por que o nosso público é muito Afudê, por mais que tenha gente que possa achar que é pouco isso não me importa, o nosso público proporciona a gente gravar Disco, o nosso público proporciona a gente a lançar DVD, então eu acho que “a podia ter mais público?”, óbvio que podia, podia a gente ter um Wacken todo final de semana aqui e eu ia achar do caralho, mas a gente ta em Porto Alegre meio que uma província do fim do mundo, no Brasil, numa época de recessão, governo de direita, a cultura ta tipo é um bagulho mais inexplorado possível e foda-se quem trabalhar com essa merda e o cara ta em 2019 e ta lançando uma parada com o apoio da galera, não posso reclamar do público por que eu ia ser um imbecil se eu reclamasse por que mesmo sendo uma merda, meu público ta comigo desde 2011, tu ta aqui também e a galera ta aí, os parceiros que vieram hoje no lançamento do DVD, sei lá alguns são amigos de infância, outros são parceiros de bandas, outros são pessoas que encontraram o Cartel no meio do caminho e se identificaram e curtiram o trabalho que a gente ta fazendo então nos apoiam, então acho que na minha opinião só não tem mais público por que a galera ta muito “pelada” véio , se a galera tivesse menos “pelada” ia ter mais público, por que já teve mais público, por que o dinheiro era mais fácil, hoje em dia o cara chega lá diz assim “a o público é cuzão não sai, não faz isso, não faz aquilo”, mas o cara não ta pensando que de vez em quando o público não tem dinheiro nem pra comer entendeu, sei lá, eu sei que o meu público, tem gente que se tem 5 pila, me da 5 pila e pra tipo “oh meu, vai lá, só tenho 5 me ajuda aí e faz uma sonzeira”, eu “Bah meu, obrigado pela confiança” e vou lá fazer, tem gente que dá R$100, tem gente que dá R$200, tem gente que dá R$250 e sei lá, ia ser muito mau-caráter da minha parte dizer que o público do RS é uma merda, sendo que os dois últimos trabalhos que a minha banda lançou foi por causa do público, eu acho que na verdade o que ta uma merda no RS é o RS assim como ta o Brasil e não é culpa do público, e acho que às vezes também a banda ta lá fazendo a mesma coisa de sempre e daí o cara fica meio “a vou nesse show de novo?”, a gente tenta pelo menos se renovar, tenta inventar um bagulho novo, lança um troço, um DVD, a performance do Diabo é diferente, tem projeções com animação que o cara fez lá na mão em 2D, uma história em quadrinho animada e isso tudo é quase num nível gringo de execução e eu acho que isso conta, mas tem uma galera que meio que pegam e usam de bengala assim o público né “a agente não faz sucesso por que o público não ta interessado”, daí poh se o público não ta interessado é que o bagulho é ruim e graças a Deus os últimos trabalhos que a gente fez, só aconteceram por que teve o público botando dinheiro e nos apoiando, a gente não ta rico, longe disso, a gente tem mais trabalho do que conta a ganhar e tal, mas toda a galera que nos apoia é essencialmente importante pra nos dar combustível, não só financeiro que eles nos ajudam também, mas combustível de tipo a gente ta indo pelo caminho certo os cara tão gostando dessa história ou sei lá os caras às vezes dizem “acho que não foi tão legal, quem sabe fazer assim”, nosso público é muito Afudê por causa disso, eles realmente fazem parte do Cartel e a gente vai construindo a história junto com eles.

Na tua opinião ainda existe espaço para novas bandas na cena atual?
Bah véio, sinceramente falando, eu acho que tudo que a gente faz é pras novas bandas da cena atual, seja lá o que isso signifique.

Cena atual no caso vocês que já tão aí na estrada e tem a Tequila Baby que agora ta tentando se reinventar fazendo um show acústico.
É eu sei, entendo isso, mas eu acho que assim como a Tequila Baby faz acústico pra manter o bagulho aceso, e agente faz o crowdfunding pra tentar gravar um disco e a Catarse se muda pra São Paulo pra tentar não morrer de fome, eu acho que todo mundo ta fazendo isso e ta pensando “Bah, depois que a gente morrer, pelo menos as próximas bandas vão vim e vão ter um caminho mais tranquilo”, enxergar o esforço que tem que ser feito, ter um público mais consolidado. Eu realmente acho que a gente não ta numa era mais sei lá, o Cartel da Cevada vai ser o próximo Mamonas Assassinas ou tipo a ZERODOZE vai ser o próximo Raimundos, eu acho que isso já mudou muito principalmente pela maneira de como a indústria da comunicação e como a indústria da música ganha dinheiro, isso mudou muito, apesar de ter muitas semelhanças. Mas eu acho que tem total espaço pra essa galera vim e tipo mostrar tudo que a gente ta fazendo errado e fazer tudo certo e acertar e tomara que o rock n roll tenha muito espaço depois que a gente tiver tudo velho e não tiver mais o que fazer e foda-se, eu vou achar tudo que é culpa minha ainda, dizer tipo “olha que Afudê, olha lá se não fosse eu lá em 2000 e guaraná com rolha”, não mentira, mas eu acho que ia ser Afudê mesmo véio, acho que tem uma galera que se espelha, assim como as pessoas que eu me espelho tipo o Alemão da ZERODOZE, que é o Alemão da Hangar e a Hangar tem 255 milhões de anos, tava junto com os dinossauros do Heavy Metal em Porto Alegre, eu era fã dos cara, daí os cara tava lá gravando meu DVD e dando apoio e falando é isso aí vamos lá meu, te fode nessa merda agora, mas vamos nessa não desiste e quando tiver as outras bandas eu espero pode ta junto e falando é isso aí meu vamos nessa véio não desiste, é a tua vez te fode otário.

Poderia dar uma palavra de incentivo para as bandas que estão começando e se espelham no Cartel da Cevada?
Cara. Eu acho que a melhor coisa que eu posso dar de incentivo é fazer a coisa verdadeira, eu tenho uma pilha de tipo orientação de marketing digital e como a pessoa tem que escolher seu público e delimitar a sua estratégia de comunicação e blá, blá, blá, eu sempre falo isso que é muito importante, mas o mais importante de tudo é o cara ser verdadeiro véio, se tu quer falar sobre cerveja, churrasco e putaria e galera fazendo festa, não sei o que, meu, aquilo tem que ser a tua realidade, tem que ser verdade e tu tem que fazer aquilo com coração pra dar certo, se a tua pilha é criticar movimentos políticos ou aponta como os sistemas capitalistas vão, não sei o que, aquilo tem que ser a tua realidade, nem que não seja pra sempre, daqui a pouco tu vai ter entre 15/17 anos e vai ser isso, depois tu vai mudar e foda-se, mas toda vez que tu criar arte, sei lá quem sou eu pra dizer dica de como criar arte, mas acho que toda vez que o cara cria alguma coisa, sendo arte ou não, por exemplo eu sou mestre de RPG e toda vez que eu tento criar uma aventura nova pros caras eu tento realmente me identificar com aquilo e achar que aquilo vai criar um impacto de alguma maneira nas pessoas que elas vão fazer refletir na vida delas mesmo, então cada personagem eu tento pega o background e pega o perfil de cada jogador e tenta marca aquela situação e faze com que o cara reflita com aquilo durante o jogo e tipo ser um desafio e na arte isso é muito maior. Então acho que a pilha da arte é essa véio, o meu incentivo é esse, seja verdadeiro e tente provocar o maior estimulo possível nas outras pessoas, se for uma reflexão positiva melhor ainda, mas se for só um estímulo pra fazer com que as pessoas tentem entender o teu ponto de vista, também acho que ta valendo, arte é um negócio tão orgânico que não dá pra delimitar exatamente o que que é bom, o que que não é bom, eu acho que é mais ou menos isso, se eu posso dar algum conselho tipo seja verdadeiro no que tu vai fazer, não te preocupa em tipo “a eu acreditava naquilo, agora acredito nisso , vou ter que mudar”, se tiver que mudar muda, se tiver que demorar 2 anos, 3 anos, 10 anos pra encontrar tua voz e tal, encontra.
Para conferir mais a respeito, acesse: https://www.carteldacevada.org/
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Bruno Carvalho, grande entusiasta do cinema fantástico, busca sempre aprimorar seus conhecimentos pelo cinema; como futuro cineasta quer revolucionar o cenário brasileiro de terror e trazer grande entretenimento para o público. Escreve críticas como passa tempo, mas tem planos de se especializar nessa área.
Meu que bacana, eu não conhecida essa banda. Adorei. 👏👏👏