Jornal Geração X: DESENH4NDO

Por: Carolina Louise Baroni Brocardo

COMENTANDO MIMIMI DE MACHO COM NOJINHO - Nunca Te Pedi Nada

Arte e a vida real. A ilusão da mulher retratada pela indústria pornográfica.

Pare AGORA o que você está fazendo e olha ao teu redor. Essa é a vida real!

Vamos falar da figura feminina representada na sociedade. Como você, homem, aprendeu a olhar para uma mulher? E como você, mulher, aprendeu a olhar para si mesma?

A indústria pornográfica é uma das principais responsáveis por deturpar a imagem da mulher na sociedade, retratando elas de uma forma que muitas vezes não condiz com a realidade.

As mulheres retratas nessa indústria são "perfeitas", elas topam qualquer coisa na cama e sentem prazer com tudo. Elas são magras e não possuem pêlos. A vulva, a vagina e o ânus são clarinhos e limpinhos, elas não tem celulite nem estrias, os seios são durinhos e empinados...

Se você cresceu com essa influência, e com esse ideal de mulher, sinto muito, a vida real vai te decepcionar. Mas o que você pode fazer é aceitar, se adaptar e se desconstruir, porque mulheres, mulheres adultas da vida real, meu bem, elas tem pêlos, tem estrias e celulite e, pasmem, elas menstruam (acredite se quiser).

Eu poderia ficar aqui para sempre descrevendo as mulheres da vida real, porque é muita diversidade e são muitas formas, mas isso você aprende na vivência.

Não há problemas em gostar de pornografia (consensual, adulta), desde que isso não te aliene da realidade, e que você não tome por real o que é retratado num filme pornô, que você não tome por padrão a mulher ali retratada. E muito menos que isso te faça querer afirmar como uma mulher deve ou não ser representada.

Ok, mas onde a arte entra nesse contexto?

Eu tenho certeza que você já viu alguma arte que retrata a figura da mulher. Para pra pensar um pouco nelas e em como você se sentiu ao vê-las.

Pois é, vemos muitos desenhos de mulheres desproporcionais, seios e nádegas avantajados, cintura fininha, roupa colada marcando as genitais. E nos grupos de desenho quando alguém critica essas proporções e a irrealidade anatômica dessa imagem, aparecem varias pessoas, na maioria homens, defendendo o estilo e a liberdade de expressão do artista.

Essa opinião em defesa do estilo e expressão do artista, não se faz presente na mesma proporção quando a mulher retratada tem características normais como: pêlos, estrias, menstruação e corpos fora do padrão (aquele padrão citado lá em cima, sabe...)

Muito pelo contrário, o/a artista que aborda essa temática sofre ataques constantes e surgem comentários como "nem existe mulher assim". Mas elas existem, existem fora da tela do computador e do celular, e por que causa tanto espanto quando são desenhadas? Existe uma ligação equivocada entre arte e beleza, mas você parou pra pensar que o que você considera -beleza- é um conceito individual, baseado exclusivamente na tua experiência de vida e no teu gosto pessoal? E esse conceito é diferente pra cada pessoa.

Mais uma vez surge a necessidade de dizer que arte não possui padrão e nem fórmula, e que a arte pertence ao artista em sua essência e a você pertence o sentimento em relação a ela, que independente de ser bom ou ruim, não te da o direito de ofender ou classificar se é ou não arte.

Eu termino esse texto pedindo pra que você reflita sobre como se sente vendo as artes aqui expostas e pense no por que você se sente dessa forma, de onde vem o conceito que você usa pra denominar o que sente.

Obs: As artistas aqui expostas tem objetivos completamente diferentes. A artista Fernanda Macedo trabalha com Studio TamoeRae, suas proporções são propositalmente exageradas e voltadas para o público que aprecia pornografia e hentai. A juliana Lossio desenha mulheres diferentes, consideradas fora do padrão, aborda temas como pêlos e menstruação, entre outros como abuso e pedofilia.

Mas sabe o que essas duas artistas tem em comum? Elas desenham o que querem, porque querem. Simples assim.

Esse texto não tem a intenção de desmerecer nenhum estilo de arte, apenas de fazer uma comparação entre a reação dos espectadores quando expostos a artes que representam a mulher de formas diferentes.

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Carolina Louise, desenhista amadora e estudante de psicologia, administradora do grupo Desenh4ndo desde 2017. Busca sempre estar envolvida com os temas do mundo das artes e temas sociais. Como futura psicologa pretende unir os dois universos, da arte e da psicologia em sua profissão.